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A Juventude Missionária se dá a conhecer como um grupo voluntário com uma proposta de evangelização a serviço da Igreja Católica. Não é um movimento nem uma pastoral; é um grupo de jovens missionários ligados à POM (Pontifícias Obras Missionárias). Nosso objetivo principal é unir-nos ao mandado de Jesus Cristo: "Ide pelo mundo e pregai o evangelho!" (Mc 16, 15). Nosso trabalho se realiza, basicamente, através da organização de Missões de evangelização rurais e urbanas e outras atividades de formação, defesa da fé e promoção das devoções e tradições populares. A JM busca despertar na juventude de hoje o desejo e a consciência da necessidade de ser um orientador aos irmãos na fé, de ser transmissor da mensagem de Cristo, de fundamentar sua fé e sua confiança na doutrina da Igreja e de ser um jovem reflexivo, com rica vida de oração. Trata-se de uma grande oportunidade para jovens que desejam fazer algo a mais pela Igreja e trabalhar a serviço dos mais necessitados. Jovens que queiram vivenciar este carisma devem ter idade entre 15 e 30.

sexta-feira, 3 de junho de 2022


Mensagem de Sua Santidade Papa Francisco para o Dia Mundial das Missões de 2022

Sereis minhas testemunhas (At 1,8)

Queridos irmãos e irmãs!
São estas as palavras da última conversa de Jesus Ressuscitado com seus discípulos, antes de sua Ascensão ao céu, conforme descrito em Atos dos Apóstolos: “Recebereis a força do Espírito Santo que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até os confins do mundo” (At 1, 8). E esse é também o tema do Dia Mundial das Missões 2022, que sempre nos ajuda a viver o fato de que a Igreja é missionária por natureza. Este ano oferece a oportunidade de comemorarmos alguns momentos importantes para a vida e missão da Igreja: A fundação, há 400 anos, da Congregação de Propaganda Fide – atual Congregação para a Evangelização dos Povos; os 200 anos da Obra da Propagação da Fé, a qual, juntamente com a Obra da Santa Infância e a Obra de São Pedro Apóstolo, obteve o reconhecimento de Pontifícia há 100 anos.

Vamos nos deter em três expressões-chave que resumem os três fundamentos da vida e da missão dos discípulos: “Sereis minhas testemunhas”; “até os confins do mundo”; e “recebereis a força do Espírito Santo”.

1. “Sereis minhas testemunhas” – O chamado de todos os cristãos a testemunhar Cristo

É o ponto central, o coração do ensinamento de Jesus aos discípulos em vista de sua missão no mundo. Todos os discípulos são testemunhas de Jesus graças ao Espírito Santo que recebem: serão constituídos como tal pela graça. Por onde forem, onde quer que estejam. Assim como Cristo é o primeiro enviado, isto é, missionário do Pai (cf. Jo 20,21) e, como tal, é a sua “testemunha fiel” (cf. Ap 1,5), assim cada cristão é chamado a ser missionário e testemunha de Cristo. E a Igreja, comunidade dos discípulos de Cristo, não tem outra missão senão a de evangelizar o mundo, de ser testemunho de Cristo. A identidade da Igreja é evangelizar.

Uma leitura geral mais profunda esclarece alguns aspectos que são sempre atuais para a missão confiada por Cristo aos discípulos: “Vocês serão minhas testemunhas”. A forma plural enfatiza o caráter comunitário-eclesial do chamado missionário dos discípulos. Todo batizado é chamado à missão na Igreja e por mandato da Igreja: portanto, a missão se realiza em conjunto e não individualmente, em comunhão com a comunidade eclesial e não por iniciativa própria. E mesmo que alguém, em alguma situação muito particular, desempenhe a missão evangelizadora sozinho, ele a realiza e deve sempre realizá-la em comunhão com a Igreja que lhe enviou. Como ensinou São Paulo VI na Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi, documento que tenho muito apreço: “A Evangelização nunca é para ninguém um ato individual e isolado, mas profundamente eclesial. Quando o mais desconhecido pregador, catequista ou pároco, no lugar mais remoto, prega o Evangelho, reúne sua pequena comunidade ou administra um sacramento, ou mesmo que esteja sozinho, realiza um ato da Igreja, e seu gesto está certamente ligado a relações institucionais, mas também por laços invisíveis e raízes profundas da ordem da graça, à ação evangelizadora de toda a Igreja” (nº 60). De fato, não é coincidência que o Senhor Jesus enviou seus discípulos em uma missão dois a dois; o testemunho dos cristãos a Cristo tem um caráter principalmente comunitário. Daí a importância essencial da presença de uma comunidade, mesmo pequena, no cumprimento da missão.

Além disso, é pedido aos discípulos para construírem a sua vida pessoal em chave de missão: são enviados por Jesus ao mundo não só para cumprir a missão, mas também e por precedente, viver a missão que lhes foi confiada; não só para dar testemunho, mas também e sobretudo para ser testemunhas de Cristo. Como diz o apóstolo Paulo, com palavras verdadeiramente comoventes: “Levar sempre, e em todo lugar, a morte de Jesus em nosso corpo, para que também a vida de Jesus se manifeste em nós” (2 Cor 4, 10). A essência da missão é dar testemunho de Cristo, isto é, sua vida, paixão, morte e ressurreição por amor ao Pai e à humanidade. Não é por acaso que os Apóstolos buscaram o substituto de Judas entre aqueles que, como eles, testemunharam a Ressurreição (cf. At 1, 22). É Cristo, e o Cristo ressuscitado, Aquele que devemos testemunhar e cuja vida devemos partilhar. Os missionários de Cristo não são enviados para se comunicar entre si, para mostrar suas qualidades, suas habilidades persuasivas ou gerenciais. Em vez disso, têm a honra sublime de oferecer Cristo, em palavras e obras, a anunciar para todos a Boa Nova da salvação com alegria e ousadia, como fizeram os primeiros apóstolos.

Portanto, em última análise, a verdadeira testemunha é o “mártir”, aquele que dá a vida por Cristo, retribuindo o dom que Ele nos deu de si mesmo. “A primeira motivação para evangelizar é o amor de Jesus que recebemos, a experiência de sermos salvos por Ele que nos leva a amá-lo cada vez mais (Evangelii Gaudium, 264).

Finalmente, a propósito do testemunho cristão, permanece sempre válida a observação de São Paulo VI: “O homem contemporâneo escuta com mais boa vontade as testemunhas do que os mestres, ou então se escuta os mestres o faz porque eles são testemunhas” (Evangelii Nuntiandi, 41). Assim, é fundamental, para a transmissão da fé, o testemunho de vida evangélica dos cristãos. Por outro lado, continua igualmente necessária a tarefa de anunciar a pessoa de Jesus e a sua mensagem. O próprio Paulo VI diz: “Sim! A pregação, a proclamação verbal de uma mensagem, permanece sempre indispensável (…). A palavra continua a ser sempre atual, especialmente quando transmite a força divina. Por esse motivo, permanece atual o axioma de São Paulo: “A fé vem da pregação” (Rom 10, 17). É precisamente a Palavra ouvida que nos leva a crer” (Ibid., 42).

Na Evangelização, portanto, caminham juntos o exemplo de vida cristã e o anúncio de Cristo. Um serve ao outro. São os dois pulmões com os quais cada comunidade deve respirar para ser missionária. O testemunho completo, coerente e alegre de Cristo é certamente a atração para o crescimento da Igreja também no terceiro milênio. Por isso, exorto todos a recuperar a coragem, a franqueza, aquela ousadia dos primeiros cristãos, para testemunhar Cristo, com palavras e obras, em todos os ambientes da vida.

2. “Até os confins do mundo” – A atualidade perene de uma missão de Evangelização universal

Ao exortar os discípulos a serem suas testemunhas, o Senhor ressuscitado anuncia para onde são enviados: “Em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até os confins do mundo” (At 1, 8). Aqui emerge muito claramente o caráter universal da missão dos discípulos. Destaca-se o movimento geográfico “centrífugo”, quase em círculos concêntricos, desde Jerusalém – considerada pela tradição judaica como centro do mundo – da Judeia e Samaria até os “confins do mundo”. Não são enviados para fazer proselitismo, mas para anunciar; o cristão não faz proselitismo. Em Atos dos Apóstolos, narra-se este movimento missionário: dá-nos uma bela imagem da Igreja “em saída” para cumprir a sua vocação de testemunhar Cristo Senhor, orientada pela Divina Providência mediante as circunstâncias concretas da vida. Com efeito, os primeiros cristãos foram perseguidos em Jerusalém e, por isso, dispersaram-se pela Judeia e Samaria e testemunharam Cristo por toda a parte (cf. At 8, 1.4).

Algo semelhante ainda acontece em nosso tempo. Devido a perseguições religiosas e situações de guerra e violência, muitos cristãos são obrigados a fugir de suas terras para outros países. Somos gratos a esses irmãos e irmãs que não se fecham no sofrimento, mas testemunham Cristo e o amor de Deus nos países que os acolhem. Sobre isso, São Paulo VI os exortou ao considerar a “responsabilidade que cabe aos imigrantes nos países que os recebem” (Evangelii Nuntiandi, 21). De fato, experimentamos cada vez mais como a presença de fiéis de várias nacionalidades enriquece o rosto das paróquias e as torna mais universais, mais católicas. Consequentemente, a pastoral dos migrantes é uma atividade missionária que não deve ser negligenciada, pois pode ajudar também os fiéis locais a redescobrir a alegria da fé cristã que um dia receberam.

A indicação “até os confins do mundo” deve interpelar os discípulos de Jesus em todos os tempos, impelindo-os sempre mais a ir além dos lugares habituais para levar Seu testemunho. Hoje, apesar de todas as facilidades resultantes dos progressos modernos, ainda existem áreas geográficas nas quais os missionários, que são testemunhas de Cristo, não chegaram com a Boa Nova do seu amor. Por outro lado, não existe qualquer realidade humana que seja alheia à atenção dos discípulos de Cristo em sua missão. A Igreja de Cristo sempre esteve, está e estará “em saída” rumo aos novos horizontes geográficos, sociais, existenciais, rumo a lugares e situações humanas “fronteiriços”, para dar testemunho de Cristo e do seu amor a todos os homens e mulheres de cada povo, cultura, estado social. Nesse sentido, a missão sempre será também missio ad gentes, como nos ensinou o Concílio Vaticano II (cfr. Decreto Ad Gentes, sobre a atividade missionária da Igreja, 07/12/1965), porque a Igreja terá sempre de ir mais longe, para além das suas próprias fronteiras, para testemunhar a todos o amor de Cristo. A propósito, quero lembrar e agradecer aos inúmeros missionários que dedicam a vida para “ir mais além”, encarnando a caridade de Cristo por tantos irmãos e irmãs que encontram pelo caminho.

3. “Recebereis a força do Espírito Santo” – Deixar-se sempre fortalecer e guiar pelo Espírito

Ao anunciar aos discípulos a missão de serem suas testemunhas, Cristo ressuscitado prometeu também a graça para uma tão grande responsabilidade: “Recebereis a força do Espírito Santo e sereis minhas testemunhas” (At 1, 8). Segundo a narração dos Atos, precisamente depois da descida do Espírito Santo sobre os discípulos de Jesus, realizou-se a primeira ação de dar testemunho de Cristo, morto e ressuscitado, com um anúncio querigmático: o chamado discurso missionário de São Pedro aos habitantes de Jerusalém. Assim começa a Era da Evangelização do mundo por parte dos discípulos de Jesus. Antes eram fracos, medrosos, fechados. O Espírito Santo os fortaleceu, deu-lhes coragem e sabedoria para dar testemunho de Cristo diante de todos.

Como “ninguém pode dizer: ‘Jesus é o Senhor’ senão pela ação do Espírito Santo” (1 Cor 12, 3), nenhum cristão pode dar testemunho pleno e genuíno de Cristo Senhor sem a inspiração e a ajuda do Espírito Santo. Desse modo, cada discípulo missionário de Cristo é chamado a reconhecer a importância fundamental da ação do Espírito Santo, a viver com Ele no cotidiano, a receber constantemente Sua força e inspiração. Por certo, quando nos sentirmos cansados, desmotivados, perdidos, lembremo-nos de recorrer ao Espírito Santo na oração, a qual – quero enfatizar mais uma vez – tem um papel fundamental na vida missionária, para nos deixarmos restaurar e fortalecer por Ele, a fonte divina inesgotável de novas energias e da alegria de partilhar a vida de Cristo com os outros. “Receber a alegria do Espírito é uma graça. E é a única força que podemos ter para pregar o Evangelho, confessar a fé no Senhor” (Francisco, Mensagem às Pontifícias Obras Missionárias, 21/5/2020). Assim, o Espírito Santo é o verdadeiro protagonista da missão: Ele é quem dá a palavra certa no momento justo e sob a devida forma.

Também à luz da ação do Espírito Santo queremos vivenciar os aniversários missionários deste 2022. A instituição da Sagrada Congregação de Propaganda Fide, em 1622, foi motivada pelo desejo de promover o mandato missionário em novos territórios. Uma intuição providencial! A Congregação mostrou-se decisiva para que a missão evangelizadora da Igreja fosse verdadeiramente livre, isto é, independente da interferência dos poderes mundanos, a estabelecer aquelas Igrejas locais que hoje mostram tanto vigor. Esperamos que, à semelhança dos seus últimos quatro séculos, a Congregação, com a luz e a força do Espírito Santo, continue e intensifique o seu trabalho de coordenar, organizar e animar as atividades missionárias da Igreja.

O mesmo Espírito, que guia a Igreja universal, inspira também homens e mulheres simples para missões extraordinárias. E foi assim que uma jovem francesa, Pauline Jaricot, há exatamente 200 anos, fundou a Associação para a Propagação da Fé, com sua beatificação celebrada neste ano jubilar. Embora em condições precárias, ela acolheu a inspiração de Deus e colocou em movimento uma rede de oração e coleta para os missionários, de modo que os fiéis pudessem participar ativamente na missão “até os confins do mundo”. Dessa ideia genial, nasceu o Dia Mundial das Missões, que celebramos todos os anos, e cuja coleta em todas as comunidades se destina ao fundo universal com o qual o Papa apoia a atividade missionária pelo mundo.

Nesse contexto, recordo também o Bispo francês Charles de Forbin-Janson, que iniciou a Obra da Santa Infância para promover a missão entre as crianças com o lema “As crianças evangelizam as crianças, as crianças rezam pelas crianças, as crianças ajudam as crianças de todo o mundo”. E ainda a senhora Jeanne Bigard, que deu vida à Obra de São Pedro Apóstolo para apoiar seminaristas e sacerdotes em terras de missão. Três obras missionárias reconhecidas como “pontifícias” há exatamente cem anos. Foi também sob inspiração e orientação do Espírito Santo que o Beato Paolo Manna, nascido há 150 anos, fundou a atual Pontifícia União Missionária, a fim de sensibilizar e animar sacerdotes, religiosos e religiosas e todo o povo de Deus para a missão. Dessa última Obra, fez parte o próprio São Paulo VI, que confirmou seu reconhecimento pontifício. Menciono essas quatro Obras Missionárias Pontifícias pelos seus grandes méritos históricos e para convidá-los a se alegrar com elas neste ano especial, pelas atividades realizadas em apoio à missão evangelizadora na Igreja universal e nas Igrejas locais. Espero que as Igrejas locais encontrem, nessas Obras, um instrumento seguro para alimentar o espírito missionário no Povo de Deus.

Queridos irmãos e irmãs, continuo a sonhar com uma Igreja totalmente missionária, com um novo tempo de ação missionária entre as comunidades cristãs. Repito o grande desejo de Moisés para o povo de Deus a caminho: “Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta” (Nm 11, 29). Sim, oxalá todos nós sejamos na Igreja o que já somos em virtude do Batismo: profetas, testemunhas, missionários do Senhor! Com a força do Espírito Santo e até os confins do mundo. Maria, Rainha das Missões, rogai por nós!

Roma, São João de Latrão, na Solenidade da Epifania do Senhor, 6 de janeiro de 2022.
Francisco

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