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A Juventude Missionária se dá a conhecer como um grupo voluntário com uma proposta de evangelização a serviço da Igreja Católica. Não é um movimento nem uma pastoral; é um grupo de jovens missionários ligados à POM (Pontifícias Obras Missionárias). Nosso objetivo principal é unir-nos ao mandado de Jesus Cristo: "Ide pelo mundo e pregai o evangelho!" (Mc 16, 15). Nosso trabalho se realiza, basicamente, através da organização de Missões de evangelização rurais e urbanas e outras atividades de formação, defesa da fé e promoção das devoções e tradições populares. A JM busca despertar na juventude de hoje o desejo e a consciência da necessidade de ser um orientador aos irmãos na fé, de ser transmissor da mensagem de Cristo, de fundamentar sua fé e sua confiança na doutrina da Igreja e de ser um jovem reflexivo, com rica vida de oração. Trata-se de uma grande oportunidade para jovens que desejam fazer algo a mais pela Igreja e trabalhar a serviço dos mais necessitados. Jovens que queiram vivenciar este carisma devem ter idade entre 15 e 30.

sábado, 13 de fevereiro de 2021

Entrevista com o Pe. Genilson Sousa, novo Secretário da POPF: “Caminhar juntos na reciprocidade é a nossa missão”




Em sua primeira semana de chegada na sede das Pontifícias Obras Missionárias em Brasília, conversamos com Pe. Genilson Sousa, vindo da Diocese de Nazaré da Mata (PE) para colaborar na secretaria da Pontifícia Obra da Propagação da Fé (POPF). Nos próximos meses, Pe. Genilson fará um trabalho conjunto com Pe. Badacer Neto. Nesta entrevista fala sobre sua história pessoal e das motivações para assumir a secretaria nacional da POPF.

POM: O que você poderia nos falar sobre sua história pessoal em família e na comunidade?
Pe. Genilson: Falar da minha vida pessoal e de sacerdote, posso dizer que é uma vida interligada, de onde vi, da minha família, do meu chão. Sou o Pe. Genilson Sousa da Silva, vim de uma comunidade rural chamada Sítio Catolé, da cidade de Casinhas, Agreste de Pernambuco. Filho de uma família de agricultores, meus pais Sr. Gerson Francisco da Silva e Dona Maria Olivia Sousa da Silva, e meus irmãos Gilson Francisco, Gildo Francisco e Genivaldo Sousa.

Cresci em um lar católico, na devoção a São José, Padroeiro de Surubim, e também dos agricultores. Todos os anos tínhamos o rito de participar da festa do glorioso São José, junto com a família, nos anos que as condições ajudassem, claro, porém, quando não, meu pai ia com minha mãe.

Fiz a primeira comunhão em 1996, na capela de Santa Luzia, na comunidade onde morava, preparada pela catequista, Dona Maria de Fatima. Em 2002-2003 fiz a experiência dos Encontros da catequese de Crisma. Andava cinquenta minutos todos os domingos, ao meio dia, para escutar e aprender os ensinamentos da catequista, Dona Flora. Enfrentei um sol muito forte por dois anos. Às vezes queria desistir, mas algo me chamava. Muitas vezes ia sem almoçar para não perder os encontros. Quando não ia, ficava inquieto comigo mesmo. Certo dia, a catequista me pediu para ler a bíblia na hora do encontro, gostei daquele momento. Cada dia me envolvia ao ponto de não perder mais os encontros.

Depois de Crismado, estive envolvido no grupo de jovens chamado Filhos de Maria, que tinha como símbolo Nossa Senhora de Fátima, ao estilo da Pastoral da Juventude (PJ). Meus irmãos e vizinhos também participavam desse grupo motivados pelo coordenador da comunidade, chamado Nivaldo Duda. Nos reuníamos todos os domingos à tarde. Partilhávamos a palavra, cantávamos, planejávamos os encontros para outras comunidades.

POM: Como foi a vivência de seu discernimento vocacional?
Pe. Genilson: Ainda no ano de 2003 fui convidado pela coordenadora pedagógica e direção do colégio São Luiz, em Casinhas, a Senhora Veronica Geriz, para participar de um encontro na Mariapolis, dos Focolarinos, em Recife. Passei 4 dias nesse encontro. Uma experiência diferente, ecumênica, inter-religiosa, espiritual, testemunho e unidade. A história de Chiara Lubich acolhia como uma fonte de inspiração vocacional e doação. Guardava aquela experiência única no coração. Voltei encantado, muito feliz. Os amigos perguntavam o que tinha acontecido comigo. Não sabia responder. Sem palavras. O sorriso, a alegria de viver era o que expressava em mim.

Em 2005, em um retiro de carnaval, organizado pela Renovação Carismática Católica, ouvindo as pregações, cada vez mais sentia no coração o chamado para aprofundar a vocação. Eu estava, naquele período, auxiliando na catequese de crisma com a catequista. Todos os meses tínhamos formação de catequese na cidade de Surubim, no Colégio Nossa Senhora do Amparo. O pároco sempre dava os nortes reflexivos para a catequese. Era bom ouvir, escutar e participar. Certo dia, peguei uma carona com o coordenador da catequese, o professor Luiz Gonsalves, já de idade, hoje padre Luiz. Ele parecia angustiado pela falta de padre: “são poucos padres, e os poucos, ocupados demais”. Fiquei matutando aquelas palavras.

Havia na paróquia de Surubim o padre Aluísio da Silva Ramos. Eu escutava as suas pregações pelo rádio, ou nos encontros de catequese. Naqueles dias, no sítio, ouvindo sua pregação, deixei de lado a serra, instrumento que usava para cortar capim, e fui ouvi-lo. Falava de saída, não ser o que o outro pensa, mas ser uma pessoa de decisão, que sabe o que faz, consciente da sua missão. Foi profundamente essencial na minha vida suas reflexões.

A figura do padre era para mim e a para minha família um modelo, mas muito distante. Eu precisava quebrar aquela distância. Dias depois compartilhei com um catequista, no encontro, meu desejo de falar com o padre. O rapaz disse: “olha o padre aí, fala com ele”. No intervalo daquele encontro, falei: “Olá, sr. padre, posso falar com o senhor? Queria falar sobre vocação”, disse eu. Respondeu o padre: “Meu irmão, hoje não da, mas na próxima semana lhe atenderei na secretaria paroquial”. Naquela semana, pela primeira vez faltei a aula para ir à missa. Nunca tinha feito isso. Não sabia qual padre iria, apenas queria estar na missa naquele dia. Antes da missa ele me chamou e conversou comigo. Mais uma vez disse que no outro dia poderia ouvir com mais tempo.

No dia agendado, ao começar a conversa, fui logo expressando: “Olhe, não quero ser padre, mas quero discernir minha vocação”. Ele muito sábio pediu duas tarefas como critério, depois de várias conversas, para eu ficar um final de semana ajudando os padres nas missas e, em outro final de semana, participar dos encontros vocacionais. Era cansativo pra mim, pois, além de cuidar do gado e realizar as tarefas do sítio, tinham as aulas e eu estagiava no colégio, lecionando uma turma de jovens e adultos toda noite. Porém não foi motivo para desistir. Além da escola, todos os sábados eu era vendedor de frutas e verduras na feira livre da cidade. Eu gostava de ajudar muito meu pai. Porém, meu pai jamais pensava que ia seguir a vocação, apesar de ter muita vontade de ver um filho padre. Assim foi tomando o caminho da vocação.

POM: Após esse momento de discernir sobre a vocação, como foi o período de formação ao sacerdócio?
Pe. Genilson: Em 2006, entrei no Seminário Menor Nossa Senhora de Lourdes para a experiência dos estudos do propedêutico em preparação para o seminário Maior. Em 2007 ingressei no Seminário Maior Rainha dos Apóstolos, da Diocese de Nazaré, em Olinda. Cursei filosofia no Instituto de Filosofia e Teologia da Arquidiocese de Olinda e Recife.

Em 2010, com a chegada de Fernando Saborido, em Recife, e apoio do Bispo de Nazaré, Dom Severino Batista, fomos estudar na Universidade Católica de Pernambuco. Ainda em formação, tive a oportunidade de participar das missões dos seminaristas, idealizada por Dom Esmeraldo, em Santarém, por 40 dias, na Cidade de Belterra (PA). Participei dos encontros dos seminaristas no nordeste em Campina Grande e da formação missionária para seminaristas no Centro Cultural Missionário (CCM).

POM: O que você destaca do período de ordenação e trajetória na missão presbiteral?
Pe. Genilson: Em 2014, aconteceu o estágio pastoral em preparação ao diaconato na cidade de Goiana. No dia 14 de novembro fui ordenado diácono na cidade de Nazaré, sendo enviado para serviço diaconal, na cidade de Orobo. Fui ordenado presbítero em 9 de abril de 2015, ano em que a igreja do Brasil trabalhava o tema do serviço: “Eu vim para servir” (Mc 10,45). Essa foi a inspiração também da minha ordenação. Nesse mesmo ano recebi a missão de assessorar a Infância e Adolescência Missionária (IAM) na diocese. Em 2016 fui enviado para a paróquia Nossas Senhora do Rosário, em Goiana, coadjutor do Pároco, Padre Limacedo Antonio, hoje atual bispo auxiliar de Olinda e Recife.

No dia 5 de outubro de 2017, assumi a paróquia Nossa Senhora do Desterro, Itambé (PE). Um contexto novo, diferente e desafiador para mim. Mas com o apoio do clero, o Bispo diocesano, Dom Francisco de Assis, e toda a comunidade, assumi aquela missão com muito amor e disponibilidade naquele mês missionário. Por três anos, cuidamos sendo presença de pastor, na proximidade ao povo, na atenção às comunidades mais afastadas, os grupos, pastorais e movimentos, juventude, catequese, aberto ao dinamismo da paróquia, na paciência e consciência de ser, mesmo um jovem, mas buscando com sabedoria conduzir o povo que Deus me confiou.

POM: Como você recebeu este novo desafio em sua vida de estar na secretaria da POPF?
Pe. Genilson: Em contexto de pandemia, tempo de responder com mais ousadia o chamado, vi como um renovar da vocação. Recebi o convite do bispo diocesano e da direção das Pontifícias Obras Missionárias a tarefa de colaborar na Obra na Propaganda da Fé. Foi uma surpresa, uma novidade e uma responsabilidade tamanha. Em conversa com o bispo, olhamos para o testemunho, como cristão, como igreja diocesana, como padre, respondendo às intuições do Papa Francisco para uma Igreja aberta, ousada e em saída. Acolhi a nova missão como resposta ao chamado de Deus. Posso dizer que não foi fácil. Foram dias de silêncio, oração e discernimento.

A secretaria da obra tem uma dimensão tamanha em acompanhar, motivar, colaborar com vários grupos missionários, as famílias missionarias, a juventude missionária e o projeto dos enfermos e idosos missionários, por esse imenso Brasil. Vamos ter o contato com os regionais, as dioceses que têm a obra e também na possibilidade de escutar e apresentar as dioceses onde ainda não tem.

POM: Nos próximos seis meses fará um trabalho conjunto com Pe. Badacer Neto na secretaria. Quais as perspectivas deste trabalho?
Pe. Genilson: Primeiramente, falo daquilo que já estou vivendo nesses dias de chegada. Uma acolhida fraterna do Diretor da POM, Pe. Maurício Jardim, da alegria contagiante da Ir. Vania Sousa, da IAM; do Pe. Antonio Niemiec, da União Missionária; e claro, do meu irmão, nordestino, baiano, o Pe. Badacer Neto, sem esquecer os funcionários das POM. Vejo como um belo processo de caminhar juntos na missão.

Essa parceria de seis meses com o padre Badacer será de suma importância, podendo conhecer as atividades da POPF na sua atuação em nosso Brasil, em nossos regionais e dioceses. Tem como finalidade, ainda, a continuidade, comunhão e diálogo junto à Animação Missionária da Igreja do Brasil. Também tem como finalidade a tomada de consciência na perspectiva da sinodalidade, na escuta e partilha das experiências dos leigos, jovens, famílias, grupos, bispos, colaborando com a consciência missionaria, não esquecendo que a missão é de Deus.

Que neste ano, refletindo o tema da campanha missionária no mês de outubro, com o tema “Jesus Cristo é missão”, possamos aprofundar e testemunhar aquilo que vimos e ouvimos d´Aquele que nos chamou, sendo sinal de comunhão e missão, escuta e compaixão em contexto de pandemia. Hoje como sempre, Ele nos chama a todos com mais ousadia, testemunhando seu amor infinito, cuidando de todos e da casa comum. Caminhar juntos na reciprocidade é a nossa missão.

Fonte: https://www.pom.org.br/entrevista-pe-genilson-sousa-caminhar-juntos-na-reciprocidade-e-a-nossa-missao/

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