Santa Solange, Mártir da pureza
Solange foi uma pastora do século IX. É uma das padroeiras
de Berry, França. Ela é invocada para o alívio da seca.
“A ilustríssima
virgem Solange é a patrona e, por assim dizer, a Santa Genoveva de Berry. Ela
nasceu em 863, no burgo de Villemont, a duas ou três léguas da cidade de
Bourges. Seu pai era um pobre vinhateiro que levava uma vida muito católica;
Deus recompensou sua piedade abençoando seu casamento. Ele teve uma filha a
quem pôs o nome de Solange. Nesta admirável criança a beleza do corpo e a
beleza da alma faziam as delicias de Deus e dos homens”.
“Antigas crônicas
a chamam de Solange ou Soulange; o local de seu nascimento não existe mais;
podemos ver as ruínas de uma casa no meio do Prado Verdier, que dizem que era a
habitação de Santa Solange. Esta pradaria fica a meia légua do burgo que
recebeu o nome da Santa após sua morte”.
“As lições do ofício
que a Igreja consagrou a ela narram que dia e noite aparecia sobre sua cabeça
uma estrela que a conduzia em suas caminhadas, e que lhe servia de regra em
tudo o que ela devia fazer; esta estrela servia especialmente para guia-la e
adverti-la, assim que o tempo que ela destinava à oração ou à salmodia se
aproximava, como se esta luz, que outrora convidara os Santos reis Magos a ir
reconhecer e adorar Jesus Cristo tivesse sido reproduzida para favorecer esta
Santa esposa do Salvador, e indicar a ela os preciosos momentos que o divino
Esposo pedia suas adorações”. (Extraído dos Petits Bollandistes)
Ela era forte,
alegre e piedosa; gostava de ouvir as vidas dos santos durante as longas noites
de inverno. Especialmente gostava da história de Santa Inês, que tinha sofrido
um terrível martírio, e para si repetia que haveria de seguir os seus passos.
Aos sete anos fez voto de castidade.
Quando se tornou
mais velha, passou a se ocupar do pequeno rebanho da família. Levantava-se ao
amanhecer, passava diante da pequena igreja e parava para deixar algumas flores
sobre o altar, depois seguia para o campo, onde havia construído uma capelinha
toda para si e ali se ajoelhava rezando com fervor.
Algumas vezes era
transportada por êxtases e o tempo passava velozmente, mas os anjos a chamavam
de volta à realidade. Era muito generosa com os pobres e também foi abençoada
com o poder de curar os doentes e curou muitos.
Um dia, atraído
pela reputação da pastora, Bernardo de la Gothie, filho de Bernardo, Conde de
Poitiers, de Bourges et do Auvergne, montou seu cavalo e, sob pretexto de ir à
caça, foi em direção a Villemont, onde Solange guardava seu pequeno rebanho. Ao
vê-la, ele desejou vivamente tê-la, mas ela recusou sua proposta.
Aparentemente
resignado, o jovem, entretanto voltou a abordá-la no mesmo local dias depois e,
diante de nova recusa, agarrou-a e levou-a em seu cavalo. Solange, decidida a
não consentir em seus avanços, conseguiu escapar e caiu em um riacho próximo da
estrada. Bernardo, cego de raiva diante da persistente recusa de Solange, a
decapitou (outros dizem que ele a traspassou com sua espada).
Solange, que
estava de pé, calmamente estendeu seus braços para receber sua cabeça e
caminhou até Saint Martin du Cros (um cruzeiro) onde caiu sem vida e foi
sepultada. (Boll. T. 5, pp. 427 à 431) A ereção de cruzes nas encruzilhadas era
então muito frequente.
A tradição tem
como data do martírio de Solange o dia 10 de maio de 878, sob o pontificado de
Frotario, Arcebispo de Bourges (876-890). Uma nova igreja foi construída sobre
o túmulo da Santa e lhe foi dedicada.
Desde a Idade
Média até os dias de hoje seu culto permanece importante em Berry. Seus restos
foram exumados “por causa dos milagres que eles operavam” (Guérin). Inicialmente
colocados em um relicário de madeira, foram depois postos em um relicário de
cobre. A última transladação ocorreu em 1511. Em 1657, a cidade de Bourges doou
um relicário de prata para substituir o antigo. Em 1793, durante a Revolução
Francesa, as relíquias foram dispersas.
Etimologia: Solange = do latim Solemnia, “solene,
majestosa”.